Ranking anual das Filarmónicas Graciosenses segundo a Luso Canalha

Mais uma vez a Luso Canalha promove a música na nossa ilha Graciosa. As nossas filarmónicas são um pólo de coesão social e cultural. Como tal é extremamente necessário combater as rivalidades porque todas as bandas juntas têm o mesmo objectivo, promover a música da nossa pequena ilha. Longe vão os tempos em que éramos muito fortes a nível regional no mundo da filarmonia. Contudo, as filarmónicas da nossa região estão sempre em progresso e evolução. Não nos podemos ficar pelo pequeno círculo musical graciosense, temos de ir mais além, Temos de ser mais ambiciosos e trabalhar para que sejamos muito melhores e recuperemos o prestígio regional que outrora as filarmónicas da ilha Graciosa tiveram.
Decidimos dar continuidade ao nosso projecto, avaliando as nossas filarmónicas com base em vários critérios, mas sempre seguindo o critério base, que no nosso entender é o fundamental na arte que é música, a qualidade musical propriamente dita na sua generalidade. A música tem de ser tocada com alma e não só por partituras, pois estas são apenas um guia. A música quadrada não se coaduna com os dias de hoje. É necessária musicalidade, que no português corrente é o tocar com alma, com fluência, com o estilo mais adequado a cada tipo de música e em cada peça musical.
Os critérios que seguimos são seguintes com classificação de 0 a 20 valores: Desfile, Procissão, Concerto, Concentração, Muito rígidos a tocar ou não só pelo papel, Qualidade Musical. Vamos caracterizar todos os critérios isoladamente e os nossos visitantes tiram as suas próprias conclusões.

Quanto à Filarmónica União Popular Luzense, esta banda, após o seu apogeu na primeira década de século XXI, sob a direcção musical de Luís Aguiar, teve uma grave quebra em 2009 e inícios de 2010. Contudo, com o seu novo Maestro, João leite, recuperou a mística e o prestígio da banda, a qual durante muitos anos foi sem margem para dúvidas a melhor filarmónica da ilha. A FUPL melhorou muito em 2011 e tem bem vincado o cunho de João Leite, um músico da casa, um ainda jovem maestro mas com muito para dar. O projecto desta banda já vem de trás mas agora o estilo musical mudou para melhor, mais condizente com os dias que correm, com a evolução musical a nível mundial.
O ponto mais positivo desta banda é ser actualmente a única banda da ilha com estilo militar, o qual teve durante muitos anos a Sociedade Filarmónica União Praiense com o Maestro António Melo e os primeiros anos da direcção musical de Luís Aguiar. O  ponto mais fraco é claramente a falta de músicos, pois a banda tem um vazio principalmente em acompanhamentos e clarinetes. É a banda com melhor contracanto da ilha mas é ainda uma banda desequilibrada, mas com notório elevado nível de qualidade nas procissões e desfiles como ficou demonstrado nas principais festividades da nossa ilha no Verão de 2011. A matéria prima está lá, falta trabalhá-la. Tem uma banda muito trabalhadora. É uma boa banda.

Desfile: 15 valores.
Procissão: 15,5 valores.
Concerto: 14,4.
Rigidez ou não a tocar só por papel e não libertos: muito libertos - nota 18.
Concentração. 14 valores.
Qualidade Musical propriamente dita: 15,2.

Notas: a Escola de Música da FUPL está num bom caminho.

Quanto à Filarmónica Recreio dos Artistas de Santa Cruz da Graciosa, esta é uma banda com um projecto sólido, talvez a que tenha actualmente o projecto musical mais sólido, com objectivos muito bem definidos, apostando na formação musical. Esta banda cresceu muito em qualidade desde a contratação da sua maestrina Vânia Bettencourt, a qual tem feito um trabalho muito bom. Contudo, faltam mais músicos experientes para fazerem a transição neste surgimento de uma nova geração de músicos mas têm  músicos com qualidade e é a banda com maior potencial. Com o tempo vão progredir ainda mais. Tem um estilo moderno em alguns naipes, mas pecam noutros naipes que ainda necessitam de ver mudados alguns dos designados "vícios" musicais. Têm uma excelente escola de música e muito bons professores a leccionar.
Têm um reportório muito agradável e muito vasto e variado. Falta a esta banda um contracanto mais pujante, contrastando com a qualidade que têm nas flautas, nos clarinetes, nas trompas e nas trompetes. Têm na orquestração da banda a pessoa certa para dinamizar e desenvolver esta banda. Esta é uma boa filarmónica, com um futuro risonho.

Desfile: 15 valores.
Procissão 15,5.
Concerto: 16.
Rigidez ou não a tocar por papel:  têm de se libertar mais da partitura - nota 13,5.
Concentração: 17.
Qualidade musical: 15,6.

Notas: as aulas de sensibilização musical para crianças é um passo que devia ser seguido pelas restantes bandas.


Fazendo uma análise da Sociedade Filarmónica União Praiense, esta tem actualmente o melhor maestro da ilha Graciosa, o Luís Aguiar. Esta banda tem um ponto muito forte a seu favor: a versatilidade e polivalência dentro da banda, sendo a única banda da ilha que toca bem todos os estilos musicais, todos os tipos de música, tendo até músicos que tocam com muita qualidade vários instrumentos dos mais variados naipes. O problema na qualidade musical nas tubas tem de ser resolvido formando mais um  ou dois tubistas jovens.É a melhor banda da ilha, embora já não haja muita diferença entre as filarmónicas da Graciosa. A qualidade desta banda tem vindo em queda a cada ano que passa. É a banda que mais dificuldades a nível de ensino musical está a passar devido à falta de jovens a quererem entrar para a banda. Viu-se obrigada  a ter de recrutar músicos sem banda filarmónica que frequentam ou frequentaram a Academia Musical da Ilha Graciosa e até músicos emprestados por outras bandas que não se importam de ajudar as bandas que os contactam. Longe vão os tempos do estilo incutido por António Melo nos desfiles e nas procissões. Em concerto esta banda está muito acima das restantes bandas graciosenses. Esta é uma banda com um excelente passado, um bom presente e um grande futuro.

Desfile: 16.
Procissão: 14.
Concerto: 18,4.
Concentração: 18.
Rigidez ou não a tocar pelo papel: Liberta,-se muito do papel (é a banda mais solta mas já foi muito mais liberta a tocar) - nota 18
Qualidade Musical: 16,5.

Notas: Em concerto esta banda continua imponente e tem músicos com  muita experiência e com muita qualidade. Os mais novos vão aprendendo com as glórias da banda. Falta apostar na formação de novos executantes.


Por fim, fazemos uma volta pelas capacidades e potencialidades da Filarmónica União e Progressso Guadalupense. Esta é a banda que, durante a era de António Melo na banda da Praia, foi quase sempre a segunda melhor da ilha, mas partiu para um reportório mais adequado à modernidade tarde demais. O público que aprecia as filarmónicas hoje em dia é muito mais exigente do que há uns anos atrás. Esta banda não aproveitou para evoluir quando tinha uma banda muito bem composta. Agora será mais difícil trabalhar. O seu maestro é muito experiente e é o maestro mais antigo em actividade na ilha Graciosa. Esta banda precisa urgentemente de progredir ainda mais em termos musicais, formando músicos para ter ainda mais matéria prima para lá chegar. Têm um bom maestro.  Com a sede nova terão condições para desenvolverem-se. É uma banda com muitos músicos experientes que tocam por gosto. É uma banda que dá sempre tudo o que pode, sendo de louvar a entrega e dedicação dos seus músicos, maestro e directores. Esta filarmónica agora tem tudo para singrar no mundo da música.


Desfile: 13,4.
Procissão: 13,9.
Concerto: 12.
Concentração: 17.
Rigidez a tocar por papel ou não: pouco libertos, muito focados no papel - nota 10.
Qualidade musical: 12,4.

Notas: precisam de mudar o seu reportório de concerto e de procissão. Têm mais potencial do que têm demonstrado.


Fazendo um balanço geral, com a renovação instrumental que todas as filarmónicas da ilha fizeram na última década e aposta no ensino musical com professores e protocolos com a AMIG, a qualidade musical das nossas filarmónicas subiu 150% sem margem para dúvidas. Hoje a qualidade musical é muito melhor do que há uns anos atrás mas ainda estamos muito atrasados na evolução. A receber 300 euros por tocata as filarmónicas da ilha não terão condições financeiras para serem sustentáveis nos próximos anos caso acabem os subsídios governamentais e da União Europeia para as filarmónicas. Temos de apostar na inovação e em reportórios muito mais modernos e sobretudo melhores para podermos dar aquele salto que todas as bandas da ilha ambicionam. Nós não fizemos média dos vários critérios, apenas avaliámos cada critério isoladamente. Não queremos alimentar rivalidades, mas sim ajudar todas as bandas com as nossas críticas construtivas.






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